quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Por que?

Por que vivemos?
Por que olhamos para os dois lados ao atravessar a rua?
Por que o arco-íris tem cores que se combinam perfeitamente?
Por que não temos nariz de palhaço?
Por que sabemos que o fim chega? Ele existe mesmo?
Por que achamos que o mundo é só o nosso umbigo?
Por que os amores são tão confusos, mas tão maravilhosos de serem experimentados?
Por que praticamos o bem?
Por que o coração bate forte ao pensarmos num alguém que amamos ou o estômago ronca quando imaginamos um delicioso petisco?
Por que azul é menino e rosa menina?
Por que os dois lados da moeda são diferentes?
Por que o dia tem vinte e quatro horas e parece ter somente seis?
Por que a vida é tão cheia de surpresas?
Por que dois mais dois são quatro se eu e você somos um?
Por que a corda bamba bambeia e nunca caímos?
Por que o rojão da vida só nos deixa cada vez mais fortes?
Por que a poesia enche o peito dos que amam? Por que? Por que?
Por que eu existo?

Porque cada passo da caminhada nos traz menos ideia de quem somos e essa é a melhor parte.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Autoexperimento

Tento mostrar algumas coisas com as palavras que escrevo, quem sabe pra mim mesma, quem sabe para os íntimos ou para os estranhos.
Sou um ser experimental de mim mesma, sou um observador, sou detetive de pistas inacabadas e dissipadas.
Um alarde no escuro.
Como saber?
Como desenhar e prever o improvável?
Como fazer acontecer o planejado?
Penso que devo viver e assim escrever cada linha da vida como se fosse um livro.
Cada dia um capítulo do incessante processo de reinvenção, de redenção, de compreensão que estamos dentro de um labirinto e que cada volta que damos e cada passo errado que hesitamos em dar era para ser dado, era pra ser vivido.
Vivemos do hoje.
Somos livres para escolher e isso nos faz humanos por excelência, para que tenhamos oportunidades de errar e acertar.

(Na, 28.07.09)

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Circus Vitae

Sou um equilibrista passando pela linha da vida cautelosamente.
Sou um malabarista que joga para o alto as pedras do caminho.
Sou uma bailarina que dá piruetas num cotidiano de muita luta.
Sou um palhaço que ri da vida e dos desafios que ela me impõe.
Sou um domador de feras que acalma os ânimos nas horas de nervosismo.
Sou um carrossel girando e cantando minhas canções prediletas e completando um infinito ciclo.
Ciclo, vida, circus!
Sou um mágico que transforma a vida em plena felicidade e faz brotar belas flores no grande cenário circense.
Flores no cabelo da dançarina.
Vívidas em rubro – Vida!
Pombos brancos me suspendem com suas delicadas patas e me carregam para o alto.
O mais alto que puderem.
Para além das nuvens, para o céu que termina num imenso azul.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Conto de fadas

Raio de luz que atravessa a janela.
É você – um prisma, uma obra de arte.
Meu mais terno pensamento.
Me encanta e o céu derrama em mim poção tão pura tal qual gota de orvalho.
Frescor da grama quando se encolhe contra os passos dos meus pés descalços.
Jardim secreto.
Tranças caem das árvores – são meus cabelos te chamando para uma dança nos ares.
NeoRapunzel.
Bruxa ou princesa?
Não sei qual delas quero ser...
Não sei se te encanto com minha poção ou com meu sorriso.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Emochronos do cotidiano

Tic-tac, tic-tac, tic-tac...
Relógio girando num tempo inverso, anti-horário, antirracional, ultraemocional.
Tempo, tempo, espaço, meu coração.
Bate só, mas está forte.
Bate junto com outros corações, também batendo sozinhos.
Corações dos meus, dos amigos, dos desconhecidos.
Tum-tum esquecido no peito - automático.
Vou vivendo, vou saido da rotina.
Minha meta é acordar de manhã e sentir todo o meu corpo.

sábado, 23 de maio de 2009

Nostalgia do não vivido

Cores, muitas cores se transformam em música e coelhos pulam com pé de mola no grande jardim lá fora.
As nuvens fofinhas se aconchegam e cobrem o sol nos dias mais frios.
A lua conversa conosco e nos conta segredinhos em sussurros.
Telefone sem fio, conversa na janela.
Nostalgia dos dias frios e do chocolate quente da vovó.
Minha infância, que saudade!
De manhã saímos para um passeio de bicicleta pela rua.
Lugarejo mais tranquilo, que delícia é acordar e ouvir o canto dos pássaros, o ranger das janelas de madeira a serem abertas, sentir o cheirinho do café e do bolo de fubá saindo do forno.
Não sei que lugar é esse – me parece um refúgio, um sonho.
Minha Pasárgada, como almejo passar uns tempos e permanecer no deleite desses dias memoráveis, mágicos.
Calmaria...
Vamos pescar!
Vamos deitar numa rede e sonhar.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Antigo paraíso

Parece que acordei de um pesadelo.
Nele existia um mundo paralelo com garras que me levavam pra longe de você.
Intuições e vibrações me faziam sumir no túnel de fumaça.
Sombras saíam dos buracos escondidos e se grudavam na extensa parede de fumaça que nos separou.
Luzes, muitas luzes piscantes me cegavam e eu te perdia de vista.
Um movimento descoordenado e o desencontro me tontearam.
Perdi o tato.
Não sinto mais o toque da sua pele, dos seus lábios macios, meu paraíso se esvaiu.
Meu mundo paralelo, um Hades, um inferno.
Estaria eu escrava de viver a agonia, a impotência?
Sem você, meu amor, não há mais sorrisos sinceros, não há mais poesia, não mais haverá sintonia em nossos olhares.
À noite eu choro ao som da sua música preferida.
Estou presa e vejo você se afastando, num carro a toda, num carrossel descompassado, numa roda gigante que te lança pro mundo em que eu vivia.
No antigo mundo-casa, meu lar, antigo paraíso de você.
Agora a maçã está partida na mesa e o que me resta é passá-la para o papel com traços fortes de carvão.
O rabisco da maçã que se converte no seu rosto triste.
Um choro mudo.
Natureza morta, cinza, escura.
Parece-me que estar perto de ti é perigoso, proibido, impossível.
Como eu adoro, como eu desejo estar ao seu lado.
Meus olhos agora só fazem chorar.
Não se vá.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Chão de terra

O tempo passa.
A vida passa e a gente tenta ser feliz.
Pessoas passam do lado de fora da janela e somos cúmplices num olhar.
Sorrisos, raios de sol, zum-zum-zum de feira-livre.
Janela aberta, corpo presente, um batuque no dia de sábado.
Festa na rua!
Saudade do interior – chão de terra pra passar toda a gente animada.
Canto, fitas e cores.
É música.
É harmônico o quadro – são todos um.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Acordes da amizade

A rua em que eu moro vive sempre cheia de carros, cheia de pessoas, cheia de sentimentos.
Os meus ouvidos escutam sempre o mais belo som que vem do céu. Já sei! É da arpa dos arcanjos que vem essa linda canção!
Meus sentidos ficam cada vez mais apurados quando estou só num desses dias calmos...
Buscando luz, buscando ardor pela esperança sempre viva, nunca me deixando desfalecer nem esmorecer por causa da ausência... Ausência da presença dos que amo.
Ausência não existe para meu coração.
Nele estão vivos todos os acordes da música que mais gosto, o cheiro da maresia e do pôr-do-sol, o cheiro da amizade de que necessito tanto e o soar do anoitecer batendo à minha porta...
Busca incessante pelo amor preso nas caixinhas de música que pulsam dentro do peito dos meus entes, dos amigos, dos bichos...
Seres que de mim precisam e para mim são essenciais!
Seres que do mundo são partículas polinizadoras de amor.

Mar de argila

Por que meus olhos choraram naquela noite fria em que estávamos envolvidos pelo choro do vento?
Por que minha alma dorme e esconde-se em seus olhos?
Minha fuga.
Meu medo.
Meus sonhos de menina.
Como podem estar todos lá fora junto às árvores na noite fria?
As árvores cantam cantigas de roda.
Como pode ser sua minha melancolia?
Como pode o mar ser meu anfitrião? Minha casa é de chão!
A casa-mar em que me hospedei é tão fresca...
Procuro um templo, uma resposta.
Meu peito chora.
Minha alma tem pálpebras de veludo para que eu possa acariciar seu coração com o olhar.
Por que sabem os deuses que sou terra? Por que não fingem saber que sou mar?
Ai, vida de sombra! As palavras são pequenas bolhas salgadas, o ardor do pranto seca minhas lágrimas de maresia.
Conheço o senhor das ondas!
Descansei meu corpo fatigado de tanto que nadei! Minha cama é de conchas, meu travesseiro de pérolas.
Os deuses sabem que sou da terra, porque minhas lágrimas são de argila.

(29.09.2005)

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Cativeiro cinza (poesia reeditada)

As pessoas ao meu redor são frias, pálidas e mudas.
Mudas de pensamento.
Cegas de discurso.
Há um senso torto, obscuro, recalcado – um grito sem som – imagem flagelada; um rasgo, uma chaga.
Gesto sem tom – um timbre, um vulto – traição dos sentidos.
Os instantes passam com o vagar das horas, são grandes os detalhes que são fáceis de se enxergar a olho nu.
A gente é uma só.
Os passos são invisíveis, não há rastro de beleza.
Um trabalho duro de levar.
Seguir nessa estrada barulhenta e cinza se torna pesado para os meus pés.
Plantas murcham – nem cacto sobrevive.
Janela trancada para o amanhã.
Raios de sol negados pelo blackout da prisão dos ideais.
A cabeça já possui um peso extra – fardo.
Somos máquinas de chorar e perecer.
Odor forte no ar.
Enxofre, carniça, solidão.
Papéis, tinta e pouca cor.
A tristeza é um dos pingentes desse lugar que mais é uma torre de arranha-céu e não tem janelinhas para o futuro.
Uma árvore infinita sem raízes.
Pessoas se penduram em seus enormes e infinitos galhos de labuta.
Enfeites sem brilho.
Dois meses e algo mais para pintar o futuro com outros matizes.
Um dia vou embora para um jardim das cores que eu inventar; misturas minhas, meu jeito, meu toque.
Lúdico mais do que real.
Findo aqui meu desabafo.
Um dia após o outro.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Viagem

No meu sonho a vida é algo mais do que a felicidade; é o encontro e o desencontro, é o medo e a bravura, a lua e o sol.
Ao abrir a janela do meu quarto avisto um grande campo florido e minhas mil faces despetaladas num jogo de dominó.
Uma atrás da outra desmoronando até chegar a minha real máscara.
Minha face rubra de vergonha. Como sou tola!
Avisto ao longe um balanço de cordas e me projeto ao vai-e-vem de um mar revolto, grudado ao céu, com minhas milhares de estrelas brilhantes tilintando e cintilando meu caminho até o meu tesouro: seu coração.
Isso é só um sonho. Minha realidade crua não me permite deitar e gozar os devaneios.
Sou mais que uma, sou muitas de mim em uma multidão.
Vejo-me vestida com todas as possíveis cores, vejo-me num salão dançando valsa com meus botões.
Encontro do sozinho com o solitário.
Agora sou só eu contando meus carneirinhos.
Acorda, é só um sonho!

domingo, 19 de abril de 2009

Confissões, ternura e suspiros

Palavras ao vento.
Promessas, alento.
Terno, tenro, telepático gesto de carinho.
Vejo vultos de você num quarto escuro.
Pinto meus sentidos nas cores mais belas da minha aquarela.
Risco seus traços na tela, meu amor.
Vejo-me em você como se num espelho houvesse um outro eu.
Sorte e revés.
Canto para chamar meus desejos mais íntimos pra dançar.
Dois prá lá, dois pra cá, sempre atropelando meus pés.
Corda bamba, um sorriso.
Viajo pelo litoral quente da sua boca.
Sorriso tropical, frescor da manhã.
Um sopro, um selo, um sabiá cantarolando minha serenata pra você.
Sinto seu perfume no tempo.
Tic-tac, tic-tac, eu sou você amanhã.
Um telefonema, um suspiro.
Sinto seu perfume no vento.
Um aviso, um sinal, meu amor de ontem, hoje, amanhã.
Te vejo nos meus olhos; pupila dilatante, ardente, incoerente.
Penso não, digo sim.
Um rock frenético na minha cabeça latejando e espremendo meus pensamentos.
Afunilo-me num túnel sem saída.
Labirinto.
Mil finais felizes, mil verdades, solidão.
Solução.
Só você.
Sou eu.
Somos um.
Meus segredos escondidos nas brechas dos meus olhos.
Selados, lacrados, autenticados em seu nome.
Sinto seu cheiro nos meus dias de chuva.
Na calçada molhada brotam flores dos seus passos.
O ácido do teu olhar corrói meus cílios... Cega-me os olhos.
Minhas vistas cerram por causa do clarão do seu sorriso.
O mais belo de todos.
O único ao qual devoto meu tão raro apreço, meu carinho.
Gostar de ti é viver cada dia de um jeito.


Natalia Seixas Pereira
19.04.09

terça-feira, 7 de abril de 2009

Consciência

Para que o dia seja pleno teremos que trabalhar juntos e arduamente. Precisaremos ser jovens para saber o que é viver, como cantar. Precisaremos aprender a chorar e a dizer “eu te amo”, mas não somente fazê-lo de forma que se pense que com tal gesto já se conquistou o mundo, e sim, a partir desse gesto, aprender a retribuir – não com palavras parecidas ou iguais, mas com atitudes, lágrimas, se preciso, e com plena consciência que o mundo é belo e o dia é mais um degrau nessa nossa meta de elevação de espírito.
Você lerá cartas de amor em sua caminhada pela vida, fará coisas nobres ao próximo, surpreenderá a quem duvida de sua força e perseverança e então entenderá que a vida é um filme baseado num roteiro escrito por você, e somente, dirigido e atuado por você e, principalmente, sujeito a alterações que só você poderá realizar.
Uma vez olhei-me no espelho e vi alguém cujos sonhos são pilares que sustentam sua vida. Baixei os olhos e voltei a olhar para dentro de mim. Vi-me sem máscaras, desprovida de escuridão... Vi-me como outrora havia visto, acrescida a um pouco mais de humanidade e amor por mim.
Acredito que o mundo foi feito para ser moldado e lapidado, a fim de fazermos dele um bom lugar para se viver. Todos os que vivem nele são responsáveis pela manutenção de sua beleza, simbolização de uma união. Cada um deve a si o prazer de viver plena, digna e intensamente. Apenas dizer palavras bonitas não é o bastante, amar, sim, talvez seja.
Somos iguais. Seguindo juntos faremos um novo caminho.

(25.12.2005)

terça-feira, 31 de março de 2009

Olhos de prisma

O que seria de mim sem o brilho e as cores que meus olhos contemplam?
Paisagens da minha janela tão imaginária e inocente.
Pessoas tristes, pessoas felizes meus cristais redondinhos reluzem.
O que seria de mim sem a luz do universo, uma imagem, um fim de tarde, um flash, um déjà vu?
O que seria das flores se não houvesse quem as olhasse e contemplasse sua magnífica beleza?
O que seria do arco-íris se depois de uma tempestade não virássemos os olhos para o tapete voador colorido?
Ele enxugaria as lágrimas da chuva e cantaria uma canção – Carrossel iluminado!
Lembranças lúdicas de um dia de chuva, tão sereno, tão pleno em poesia, tão doce calmaria – Ai, infância querida!
Meus olhos brilhavam por uma boneca e os carneirinhos que eu contava antes de dormir participavam dos meus sonhos.
O que seria de nós se não enxergássemos o bem?
Decerto seríamos seres sem brilho, sem alegria, sem cor.
Seríamos espectro de um mundo em frangalhos, sem esperança ou absolutamente nada a que se apegar.
Seríamos somente um sol apagado, um rio que secou, nuvens dissipadas que viajaram para bem longe.
O que seremos se não cultivarmos o respeito entre os homens?
A franqueza dos olhos é a arma do ser.
Sejamos pessoas corretas para que a cor do mundo volte a brilhar.
Sejamos felizes e somente.

Aos que me fazem acreditar que o mundo ainda tem jeito.
(02.10.07)

Lago de Prosa

Coração mergulhado num grande lago de prosa, carinhos e frenesi... Flores no cabelo, estrelas no chão... Fazem reluzir cristais nos meus olhos, olhos tristes que florescerão na primavera.

"A solidão neste verdadeiro paraíso é um bálsamo para o meu coração sempre fremente, que encontra sossego no doce calor da primavera."
(Goethe, Werther)

(11.06.2006)

Um recomeço

Tudo começou aos treze anos numa tarde como outra qualquer. Estava eu no meu quarto, pensando na vida, quando em minha cabeça foram se formando algumas frases bonitas e sem muito sentido. Na mesma hora agarrei uma folha de papel e uma canetinha que estava jogada na mesa e comecei a rabiscar aqueles versos de forma desordenada e livre, seguindo exatamente a regra estabelecida pela minha cabeça e meu coração. Logo percebi que tinha escrito uma poesia. Fácil assim? Não! Os erros de português eram evidentes, mas mesmo assim estava por findada minha "obra de arte". Assim que terminei saí correndo pela casa para mostrar aos meus pais o ocorrido: "– Pai, mãe, olhem o que eu escrevi!". Na mesma hora meu pai pegou o papel da minha mão e começou a ler em voz alta, como se estivesse narrando uma história. A felicidade e a realização foram tomando conta de mim de forma tão rápida e prazerosa que a partir dali eu não queria mais parar de escrever. Trazer poesias bonitas para uma leitura em voz alta com minha família se tornou cada vez mais frequente. A minha primeira poesia eu não me recordo se guardei, mas ela, decerto, foi a chave de entrada para esse mundo cheio de possibilidades, um refúgio para minha alma.
Estou procurando resgatar esse meu sentimento puro de "escritora" e venho compartilhar meus versos e desejos com todos vocês... Numa maneira bem simples, despejo minhas ideias e alegria de poder recomeçar.
Beijos e abraços da Na.