quinta-feira, 14 de maio de 2009

Antigo paraíso

Parece que acordei de um pesadelo.
Nele existia um mundo paralelo com garras que me levavam pra longe de você.
Intuições e vibrações me faziam sumir no túnel de fumaça.
Sombras saíam dos buracos escondidos e se grudavam na extensa parede de fumaça que nos separou.
Luzes, muitas luzes piscantes me cegavam e eu te perdia de vista.
Um movimento descoordenado e o desencontro me tontearam.
Perdi o tato.
Não sinto mais o toque da sua pele, dos seus lábios macios, meu paraíso se esvaiu.
Meu mundo paralelo, um Hades, um inferno.
Estaria eu escrava de viver a agonia, a impotência?
Sem você, meu amor, não há mais sorrisos sinceros, não há mais poesia, não mais haverá sintonia em nossos olhares.
À noite eu choro ao som da sua música preferida.
Estou presa e vejo você se afastando, num carro a toda, num carrossel descompassado, numa roda gigante que te lança pro mundo em que eu vivia.
No antigo mundo-casa, meu lar, antigo paraíso de você.
Agora a maçã está partida na mesa e o que me resta é passá-la para o papel com traços fortes de carvão.
O rabisco da maçã que se converte no seu rosto triste.
Um choro mudo.
Natureza morta, cinza, escura.
Parece-me que estar perto de ti é perigoso, proibido, impossível.
Como eu adoro, como eu desejo estar ao seu lado.
Meus olhos agora só fazem chorar.
Não se vá.

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