quarta-feira, 6 de maio de 2009

Mar de argila

Por que meus olhos choraram naquela noite fria em que estávamos envolvidos pelo choro do vento?
Por que minha alma dorme e esconde-se em seus olhos?
Minha fuga.
Meu medo.
Meus sonhos de menina.
Como podem estar todos lá fora junto às árvores na noite fria?
As árvores cantam cantigas de roda.
Como pode ser sua minha melancolia?
Como pode o mar ser meu anfitrião? Minha casa é de chão!
A casa-mar em que me hospedei é tão fresca...
Procuro um templo, uma resposta.
Meu peito chora.
Minha alma tem pálpebras de veludo para que eu possa acariciar seu coração com o olhar.
Por que sabem os deuses que sou terra? Por que não fingem saber que sou mar?
Ai, vida de sombra! As palavras são pequenas bolhas salgadas, o ardor do pranto seca minhas lágrimas de maresia.
Conheço o senhor das ondas!
Descansei meu corpo fatigado de tanto que nadei! Minha cama é de conchas, meu travesseiro de pérolas.
Os deuses sabem que sou da terra, porque minhas lágrimas são de argila.

(29.09.2005)

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