segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Condoreira da própria vida

Às vezes é preciso sair de cena para que seja possível encontrar algumas respostas ou até fingir que o que acontece está a milhas distante de você.
O pior de tudo mesmo é sentir a felicidade tão próxima que se faz quase possível tocá-la, mas tão distante a ponto de se fazer sentir as saudades, tão corrosivas aqui dentro.
Algumas palavras que desaguo aqui, para mim, têm força tamanha capaz de me fazer temer por pensar em te deixar.
O tempo.
Tempo inóspito. Tempo irracional. Tempo irregular, injusto, insalubre.
Tempo carnal - mais sublime impossível.
O nosso sentimento dá vida a esse tempo controlado pelo cuco desregulado, sem ritmo.
O cuco não canta mais. Só voltará se nós quisermos.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Longínquo querer

Ser feliz é obrigatório quando você está aqui.
Mais do que flores são os jardins logo atrás na avenida.
Aterro mais verde que marte, beleza dos olhos do rapaz que se senta ao meu lado todos os dias.
Na minha cabeça a sua presença é constante.
Caminho decorado eu tenho na cabeça, passa como enigma pelos seus olhos, mais do que inflamados de paixão.
Esse dia vai chegar, vamos explodir, vamos derramar o combustível de nós dois pelo chão como vírus se alastrando pelo corpo.
O querer está acima de tudo.
O prazer em te ver – Ó, o prazer em te ver.
Vem pra cá, vamos deitar no chão, vamos viver...
O mar azul a frente projeta a imagem de nós navegando e dançando.
Vamos sair pra ver o mundo, vamos namorar.
A vida é mais, muito mais!
Para a vida é preciso muito menos, muito menos do que pensamos precisar, vamos simplificar.
Sair, cantar, sorrir e só.
Armar a casa lúdica do nosso amor.
Um refúgio sem dor, só se instala nela os momentos nossos, os bons.
Singelos traços de frescor da manhã passada, em que saímos por aí sem saber a hora, o momento de voltar.
Relógio parado, e daí?
A vontade de voltar para casa é nula, inexistente.
Vamos viajar e ficar por lá.
Vamos nos conhecer mais, nos decorar, cada caminho, cada linha, cada traço.
Desenho de você em todas as dimensões.
Quero tocar você – te tirar do papel.
Vamos desenhar o que há de vir com momentos vividos hoje - serão esses reflexos para o amanhã.
Fica do meu lado.
Fica mais.

domingo, 31 de janeiro de 2010

Infravermelhos de paixão

Dias de calor nada mais são do que lembrança do seu calor que me envolve.
São faíscas douradas de felicidade.

Meu amor, estar perto é ser por demais feliz.
É ser livre pra trajar máscaras para ser quem eu quiser.
Ser mil, ser uma só – para você.

Meu sopro de vida, com você sou muito mais, sou flor de doce pólen, sou polinizadora da paz que nos cerca quando estamos a sós.
Olhares são raios infravermelhos, queimam as retinas, são velozes jatos de puro furor.

Não mais guardo sentimentos nutridos de esperança.
Não mais quero ser pára-quedas de minha queda de humor, minha transição de sentimentos ao saber que não mais estaremos.
Será que não?
Não mais direi que te amo quando sei que as palavras serão levadas pelo vento.

E eu permaneço aqui, sempre aqui, na esperança acreditada por ser falsa quando é ela me que me faz viver todo dia na ansiedade por te ver.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Por que?

Por que vivemos?
Por que olhamos para os dois lados ao atravessar a rua?
Por que o arco-íris tem cores que se combinam perfeitamente?
Por que não temos nariz de palhaço?
Por que sabemos que o fim chega? Ele existe mesmo?
Por que achamos que o mundo é só o nosso umbigo?
Por que os amores são tão confusos, mas tão maravilhosos de serem experimentados?
Por que praticamos o bem?
Por que o coração bate forte ao pensarmos num alguém que amamos ou o estômago ronca quando imaginamos um delicioso petisco?
Por que azul é menino e rosa menina?
Por que os dois lados da moeda são diferentes?
Por que o dia tem vinte e quatro horas e parece ter somente seis?
Por que a vida é tão cheia de surpresas?
Por que dois mais dois são quatro se eu e você somos um?
Por que a corda bamba bambeia e nunca caímos?
Por que o rojão da vida só nos deixa cada vez mais fortes?
Por que a poesia enche o peito dos que amam? Por que? Por que?
Por que eu existo?

Porque cada passo da caminhada nos traz menos ideia de quem somos e essa é a melhor parte.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Autoexperimento

Tento mostrar algumas coisas com as palavras que escrevo, quem sabe pra mim mesma, quem sabe para os íntimos ou para os estranhos.
Sou um ser experimental de mim mesma, sou um observador, sou detetive de pistas inacabadas e dissipadas.
Um alarde no escuro.
Como saber?
Como desenhar e prever o improvável?
Como fazer acontecer o planejado?
Penso que devo viver e assim escrever cada linha da vida como se fosse um livro.
Cada dia um capítulo do incessante processo de reinvenção, de redenção, de compreensão que estamos dentro de um labirinto e que cada volta que damos e cada passo errado que hesitamos em dar era para ser dado, era pra ser vivido.
Vivemos do hoje.
Somos livres para escolher e isso nos faz humanos por excelência, para que tenhamos oportunidades de errar e acertar.

(Na, 28.07.09)

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Circus Vitae

Sou um equilibrista passando pela linha da vida cautelosamente.
Sou um malabarista que joga para o alto as pedras do caminho.
Sou uma bailarina que dá piruetas num cotidiano de muita luta.
Sou um palhaço que ri da vida e dos desafios que ela me impõe.
Sou um domador de feras que acalma os ânimos nas horas de nervosismo.
Sou um carrossel girando e cantando minhas canções prediletas e completando um infinito ciclo.
Ciclo, vida, circus!
Sou um mágico que transforma a vida em plena felicidade e faz brotar belas flores no grande cenário circense.
Flores no cabelo da dançarina.
Vívidas em rubro – Vida!
Pombos brancos me suspendem com suas delicadas patas e me carregam para o alto.
O mais alto que puderem.
Para além das nuvens, para o céu que termina num imenso azul.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Conto de fadas

Raio de luz que atravessa a janela.
É você – um prisma, uma obra de arte.
Meu mais terno pensamento.
Me encanta e o céu derrama em mim poção tão pura tal qual gota de orvalho.
Frescor da grama quando se encolhe contra os passos dos meus pés descalços.
Jardim secreto.
Tranças caem das árvores – são meus cabelos te chamando para uma dança nos ares.
NeoRapunzel.
Bruxa ou princesa?
Não sei qual delas quero ser...
Não sei se te encanto com minha poção ou com meu sorriso.