segunda-feira, 27 de abril de 2009

Cativeiro cinza (poesia reeditada)

As pessoas ao meu redor são frias, pálidas e mudas.
Mudas de pensamento.
Cegas de discurso.
Há um senso torto, obscuro, recalcado – um grito sem som – imagem flagelada; um rasgo, uma chaga.
Gesto sem tom – um timbre, um vulto – traição dos sentidos.
Os instantes passam com o vagar das horas, são grandes os detalhes que são fáceis de se enxergar a olho nu.
A gente é uma só.
Os passos são invisíveis, não há rastro de beleza.
Um trabalho duro de levar.
Seguir nessa estrada barulhenta e cinza se torna pesado para os meus pés.
Plantas murcham – nem cacto sobrevive.
Janela trancada para o amanhã.
Raios de sol negados pelo blackout da prisão dos ideais.
A cabeça já possui um peso extra – fardo.
Somos máquinas de chorar e perecer.
Odor forte no ar.
Enxofre, carniça, solidão.
Papéis, tinta e pouca cor.
A tristeza é um dos pingentes desse lugar que mais é uma torre de arranha-céu e não tem janelinhas para o futuro.
Uma árvore infinita sem raízes.
Pessoas se penduram em seus enormes e infinitos galhos de labuta.
Enfeites sem brilho.
Dois meses e algo mais para pintar o futuro com outros matizes.
Um dia vou embora para um jardim das cores que eu inventar; misturas minhas, meu jeito, meu toque.
Lúdico mais do que real.
Findo aqui meu desabafo.
Um dia após o outro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário